Quero ser menos eu. Cansei de mim. Apesar da inconstância, das mudanças repentinas de humor ou personalidade. Preciso de mais. Quero mais. Quero ir além. Além de mim. Além do que posso alcançar. Quero ser mais os outros. Não os outros de maneira geral, quero ser mais outro alguém. Alguém que eu consiga tocar. Ver. Não só ver, enxergar. Escutar. Não só escutar, ouvir. Alguém cuja pele cause faíscas, faíscas incessantes que se tornarão explosões com o passar do tempo. Alguém que não se amedronte, não me amedronte. Um alguém que não seja só mais um qualquer. Que se permita ser, conhecer, estar. Alguém que se permite invadir. Me invadir e se invadir novamente. Um outro que vá além do superficial. Que tenha interesse e seja interessante. Quem quer que seja, que não tenha medo de se expor, de se mostrar; de ser quem realmente é. Livre. Livre de circunstâncias, joguinhos, políticas, regras e superficialidade. Alguém cuja risada seja palpável de tão contagiante e expansiva. Alguém natural. Espontâneo. Alguém que se renove a cada minuto, não de maneira massante, de um modo inusitado, surpreendente. Que um pedido seja impossível de negar. Alguém que tenha angústias, temores... Mas que não tenha medo de enfrentá-los, ou que tenha aprendido a superá-los, a conviver com eles. Alguém que se permita ser, que me permita ser e que te permita ser. Alguém cujo abraço seja confortável e tranquilizante... Verdadeiro. Não que os demais sejam falsos, só não são completos. Talvez eu queira devorar alguém: Suas bagagens, memórias, vontades, sonhos, penhascos. Talvez eu só queira que alguém seja interessante o suficiente (ou mais) que o permitido pelo limite inconsciente imposto pela minha mente e meu emocional. Quero conhecer alguém, o mais profundo que puder. Degustar de cada milímetro evasivo -não evasivo- de sua existência não superficial e de tudo que traz consigo. Alguém, talvez, que até seja necessário na vida de todos nós. Quero ser menos eu, mais os outros. Quero ser mais os outros para não entediar-me tão facilmente enquanto fico quieta e visito outras galáxias durante suas interações sociais. Culpo-me por não ser agradável a ponto de ser sociável. Mas não sei ser se não eu. Inteiramente. Completamente. Por isso quero ser mais os outros. Compreendê-los, confortá-los, preenchê-los. Quero ser mais os outros para poder, finalmente, não cansar mais de mim.
06.09.13 04h13m
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