Suficiente.


Eles tinham um daqueles amores impossíveis, sabe? Cheio de alto e baixos; as discussões eram inevitáveis. Nenhum cedia, até que a saudade apertava, e eles corriam um para os braços do outro, dizendo que se amavam e pedindo desculpas pelo inconveniente. O ciúmes estava sempre presente. Era aquele ciúme que costumamos ter quando percebemos que quem amamos pode ser feliz sem a nossa presença, que outra pessoa pode ficar no nosso lugar; que a vida continua mesmo que não estejamos presentes, e que não precisam de nós tanto quanto de água. É o medo de perder, de não ter de volta. De vê-lo partir e não entrar mais pela porta. (…) Os dias passam, mesmo que devagar, mesmo que preguiçosos e banhados por um tom pastel qualquer. As estações mudam, e com elas os nosso humores e cores. E as pessoas entram e saem de nossa vida. (…) Até se encontrarem em uma festa, de antigos amigos, e começarem a conversar. Sorriso vai, sussurro vem, troca de olhares intensa, profunda… Resolvem voltar juntos, lembrando-se de como se relacionavam. Julgam-se bobos e inocentes, a vida lhes mostrou o caminho; não é à toa que voltaram a se cruzar. Falaram de sua última conversa, da despedida sem palavras, sem olhares, sem toques, sem cheiros e sabores. Como se não houvesse despedida; como se nunca tivessem sentido tanta dor. Uns olhos confusos e cheios de ternura; outros cheios de lágrimas que recusam cair no abismo. E um beijo. Um beijo doce; um doce beijo. Sem chuva e sem música. E sem troca de lábios. Um beijo dado durante um abraço. Fora na testa, não na boca. Não era necessário; eles sabiam o que sentiam. Ninguém mais precisava. Eles se importavam, era o suficiente.
12.2.11 - 06:37 

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