São seus olhos. Não exatamente eles, mas não deixam de ser. Há algo ali que precisa ser descoberto por mim. Ou simplesmente contado. O problema está no seu tom de voz, que tenta mascarar aquilo que desvendei há muito: A sua confusão. A nossa confissão. De onde veio isso? A cor; ela muda, sempre. Isso me confunde quando observo muito. O brilho perdido entre a escuridão. Fosco, manchado, fraco e queimado. Ainda assim está ali, movendo-se; talvez procure algo para se agarrar e brilhar com mais intensidade. Ele precisa de energia. Não exatamente a minha, só de energia. Está além do que posso ver, entender. Tem algo meu que não sei o que é, mas continua ali, atordoado. Cruel... É, é isso. Seu olhar é cruel. Você deseja meu sangue quando só tem a minha carne. A alma não foi suficiente, pois não estava inteira. Estou ali. Sendo minha. Isso te incomoda. Sei que sim. Mas é esse mistério que me mantém aqui, esperando. Eu espero o momento para quebrar a espera dele de ser desvendado por mim. É um enigma, distante e secreto. Talvez eu já o tenha resolvido e não percebi, mas é pouco provável. Algo dessa magnitude não passa despercebido. Ainda quer. A energia, ainda quer, precisa. Não pode ter. Quer. Ainda. E (...) Eu vi tanto onde havia nada. Ainda que castanhos, singelos, seus olhos são um oceano de ilusões, já me perdi nelas, uma vez. Um oceano profundo, escuro, repleto delas. Violentas e cansadas, coitadas. Não convencem quem querem. Não mais. Como poderia ficar aqui e não me comover com você depois de tudo?
22.4.11
Antes de 03:29
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